quarta-feira, 4 de maio de 2011

Essa não é mais uma história de amor

No começo somos tomados pelo mais puro dos sentimentos...
O jeito meigo, o olhar forte e penetrante, a pele macia e o sorriso inesquecível desperta dentro de nós algo sincero e verdadeiro que nos faz bem. Sentimos o coração bater mais forte no simples ato de pegar na mão e no trocar carícias, achamos que nos tornamos tolos infantis em ficar feliz com coisas tão simples, na verdade estamos nos apaixonando por alguém que achamos especial. Pouco a pouco entregamos o nosso respeito, afeto, espírito e sem nos dar conta estamos refém da paixão.


Sei que não sou o único a ter experimentado esse viciante sabor, e com toda a certeza aqui diante de mim existe alguém que está passando ou já passou por isso, e se ainda não ocorreu saiba que ainda viverá a beleza do amor, porque ele não escolhe idade, época ou momentos, simplesmente acontece.

O exato instante do primeiro beijo ocorrido naquela sala escura e silenciosa, em uma madrugada de um sábado qualquer, á exatamente 10 meses, a primeira noite de amor com as luzes apagadas, talvez pela timidez inicial, como se fôssemos dois virgens ao descobrir o encantamento do prazer carnal, os intermináveis recados matinais para desejar bom dia, as recordações de cada passagem de tempo. Tudo e completamente tudo faz parte das nossas vidas, independente de pessoa, sexo, maturidade, temos guardado em sete chaves cada segundo dessas ocasiões, porque elas ficarão marcadas na nossa mente e corpo, protegida em nossas almas como o mais precioso tesouro.

Que seja eterno enquanto dure disse uma vez um poeta, e é verdade! Lentamente de maneira sorrateira como se fosse uma naja negra prestes a destilar seu mortal veneno, as diferenças começam a aparecer. No início pouco se nota, mas aos poucos vamos descobrindo que aquela pessoa que julgávamos tão especial não é toda aquela candura celestial. As alterações de humor e o comportamento irregular são o primeiro sinal de que tudo começa a desandar. Com receio relevamos para não ser incômodos, tentamos nas entrelinhas transmitir conforto, até chegar ao ponto que o nosso afago não é mais suficiente para o próximo.

As ligações tão frequentes começam a parar, as mensagens desaparecem, aos poucos surge uma barreira invisível que nos prende a tortura. Sentimos falta de algo, procuramos lutar com todas as forças, fazemos das tripas coração, e é como se levássemos um soco na consciência e ficássemos inertes perante a situação. Mil questionamentos aparecem mas nenhum supre as necessidades da razão. Os passeios vão ficando para trás, os rostos risonhos de felicidade dão lugar a caras sérias e pouco amigáveis, as conversas se tornam um martírio, o brilho nos olhos não são mais os mesmos, e no fundo surge a dúvida de como isso teria acontecido. Será que eu não me dediquei tanto? Onde eu posso estar errado? O que fiz pra ser tratado assim?

Protegido na solidão do nosso quarto choramos escondidos nas fronhas dos travesseiros porque não queremos que saibam que estamos sofrendo de amor e a cada manhã tentamos nos refazer, mas no momento falho de distração nos pegamos relembrando de cada momento segundo vivido, carícia, toque, beijo, juras de amor, brincadeiras inocentes, tudo tão impregnado em nossos frágeis corpos que, de alguma forma, se sente preso ao passado recente.

Mesmo constrangido, envergonhado e sem saber a razão, tentamos entrar em contato pela ducentésima vez, na improvável expectativa de pelo menos dizer um oi, tentar conversar. Os minutos são os nossos piores inimigos, passam velozmente quando mais se precisaa, e lentamente quando queremos apressar os passos. Quando a ligação cai damos conta do quando somos fracos e de certo modo idiotas porque sofremos por alguém que despreza a nossa dedicação, nos ignora e magoa.

O coração sofre, o corpo sente, a mente sabe da dor que retalha as emoções, que golpeia impiedosamente o orgulho, dilacera nosso mais íntimo ser. Procuramos proteção no corforto das cobertas, sabedoria no silêncio inquietante, motivação inexistente. Não temos forças para desabafar no mais melancólico choro de tristeza. Ficamos tão tristes que nem percebemos que a amargura está prestes a dominar completamente, vencendo a auto-estima debilitada.

Ao fechar os olhos sentimos a pele junto a nossa, o cheiro, o gosto da boca, a mordida nos lábios, a fungada no pescoço que arrepia os pêlos, e nesse momento é como se nada de ruim tivesse acontecido. Mas quando abrimos os olhos nos deparamos com a realidade cruel e vamos aprendendo da forma mais traumatizante e covarde que não podemos parar de viver, existe um mundo novo de sensações, novas paixonites passageiras virão assim como amores intensos, marcantes e provocantes sabendo também que nada nem ninguém poderá ocupar o espaço que já pertenceu á outra como eu mesmo já tinha dito, as lembranças ficam protegidas em nossas almas como o mais precioso tesouro, mas não significa que não podemos mais amar, ou ser amado.

Nossas fotos, cartas e recados não existem mais, tudo se perdeu num momento de fúria, só as recordações são o bastante para não esquecer o lado prazeroso que vivemos. Da magia adormecida e esquecida em algum lugar do passado, infelizmente essa não é mais uma história de amor.

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